segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Eu voltei, agora para ficar..."

Nossa! De volta, direto do tunel do tempo!!! Depois de um bom tempo sem postar nada, tive novamente aquele impulso inicial, movido por quatro fatos recentes: 1) assistir a "O Solista", com Robert Downey Junior (fantástico em "Trovão Tropical", um dos meus filmes preferidos) e Jamie Fox (que tem se revelado um ator cada vez maior a cada trabalho). A relação é que, neste filme, Robert Downey Jr faz um jornalista que anda pelas ruas da cidade a procura de boas histórias para a sua coluna jornalística. Quando esbarra em alguma, anota num grande caderno e verifica se dali pode sair uma grande história (como no caso do personagem de Fox, um sem-teto que toca violino e que Downey descobre que foi aluno da famosa escola de música Jilliard, dando início à história do filme). Acabei tendo a sensação que é isso que sinto vontade de fazer no blog: andar pela minha vida esbarrando em alguns coisas para, quem sabe, dizer o que esses esbarrões me provocam.; 2) O que me leva ao segundo fato: tive essa sensação ontem, ao passar de ônibus (tenho carro, mas, ao contrário do que sempre ouvi do meu amigo/irmão Renato Prado, não fui daqueles que abandonou o velho buzu para sempre. Por incrivel que pareça, quando estou livre - sem horários a cumprir - prefiro a liberdade do ônibus do que do carro, porque ambos libertam. Sinto que o carro me liberta do tempo - se preciso chegar a um lugar tal hora, ele me liberta dessa obrigação tornando mais viável que eu chegue; ou se preciso sair a noite, ele também me dá essa liberdade. Em compensação, o ônibus me liberta do espaço: nada de procurar estacionamento, ficar pensando no risco de multa, arranhão, roubo, bater o carro.... Depois de andar de carro pela cidade e ficar suando para estacionar quando dou a sorte de encontrar aquela micro-vaga, a sensação de simplesmente descer do ônibus e sair andando, sem preocupação com mais nada, é indescritível. Nossa, mas que parênteses grande! Já tá com cara de outro post que vai render bastante em minha mão. Vamos voltar ao assunto...) na frente do ex-Clube Português. Vi um estranho monumento branco, de ferro, ainda com as placas de proteção, prestes a ser futuramente inaugurado. E começei a pensar em todos esses obeliscos, monumentos e totens que são derramados sobre a cidade: os dois monumentos do Jardim dos Namorados; a dança de roda do Costa Azul; os capoeiristas do Rio Vermelho; os Brasis do Centro de Convenções. Alguns até com histórias engraçadas, como a da estátua de Confúcio no Parque da Cidade (que lembra "Confusão" para a primeira-dama do Município); outras com histórias que mereciam ser recontadas, como a relocação das gordinhas de Eliana Kertesz do Farol da Barra para Ondina, sendo que havia uma motivação para elas estarem localizadas no Farol. Pois bem. Me deu essa vontade de perguntar para quem quiser ouvir: quem escolhe essas peças? Esses artistas? Esses lugares? A comunidade local é ouvida? Quanto de grana existe envolvida nisso? Tem uma seleção pública para esse uso do espaço público? Quem zela pela estética urbana, pela adequação dessas peças ao seu entorno imediato? Todas essas dúvidas teriam passado pela cabeça de Steve Lopez (o personagem de Downey Jr) e certamente daí poderia nascer uma bela reportagem (é claro que, na ausência de Steve Lopez, compartilhei essa inquietude com a minha jornalista n.º 1: Juli Arize e quem sabe ela não dá prosseguimento nesse meu ponta-pé inicial.) O fato é que não sou jornalista e criei o blog justamente para dar vazão a essa vontade de falar de coisas que às vezes tenho a impressão que só eu vejo (e outras que todo mundo vê, mas que eu quero falar assim mesmo!); 3) Outra coisa neste mesmo sentido do "fazer jornalismo intuitivamente" (e aqui percebo - ainda que não concorde - com a visão do Ministro Gilmar Mendes de que para jornalismo não se deve exigir diploma. O que talvez o ministro não perceba do alto da sua arrogância apolínea (ainda que tenha mais cara de Nosferatu do que de Apolo) é que uma coisa é comentar ou "colunar" (se é que cabe o neologismo), ou seja, dar uma opinião tanto melhor abalizada quanto julguem os leitores. Outra coisa é fazer uma reportagem jornalística, que tem uma série de procedimentos técnicos e éticos que garantem a imparcialidade e a exposição da informação de modo a dar um quadro completo do fato noticiado (é claro que aqui me dirijo apenas aos jornalistas verdadeiramente éticos). Assim, se desconfio da forma como se procedem as escolhas para a colocação de monumentos na cidade, posso opinar com maior ou menor conhecimento de causa, sem precisar fazer uma investigação ou ouvir todos os lados da história (coisa que um bom jornalista sempre faz, com técnica e competência própria da profissão e não-imediata para um leigo). E sequer posso ser acusado de leviano ou coisa que o valha, porque faria um comentário a partir de perguntas de algo que não é de conhecimento notório e a partir de conjecturas que caberia ao leitor considerar plausíveis ou não. Certamente não acusaria ninguém diretamente de estar embolsando (ou encuecando ou ainda emeiando) dinheiro. Para isso temos os jornalistas de carteirinha (e diplominha). Voltando ao "fazer jornalismo intuitivamente", outra coisa que me chamou atenção para a serventia do blog foi uma matéria publicada na Revista Muito do dia 18/04/10 sobre a profissão de prático. Lendo a matéria, tive aquela sensação de "deixei o bonde passar", pois a algum tempo atrás, num bate-papo de fim de expediante, alguém comentou dessa figura: um flanelinha de navio que ganha uma fortuna por mês. Aquela informação tem as duas qualidades essenciais de uma boa matéria: é inusitado e lida com algo que atinge a massa (o grana, não o navio). Lembro que pensei na hora: "Puxa, isso dá uma história daquelas. Manchete: Flanelinha de Navio: o emprego dos sonhos". Deixei para lá. A Muito do último domingo me deu esse tapa na cara e disse: "Acorda! Quando quiser falar de alguma coisa, vê se fala, pô!". Bom, tá aqui o blog para isso (coisa que fiz agora sobre os monumentos. Se aparecer uma matéria em algum jornal, pelo menos vou ter o prazer de dizer: "cantei a bola antes."); 4) Por fim, o último motivo para voltar ao blog foi que acabei de entrar em outra "roubada" tão prazeirosa quanto o Blog: agora estou no Twitter! @dantasfagner! Ou seja, além do blog, vou dar umas twitadas de vez em quando também. Já tinha uma curiosidade sobre o twitter, mas ficava naquela: "Não é nada de mais. É só gente sem ter o que fazer que fica colocando que acabou de sair do exame de próstata e descobriu que está louco por uma segunda opinião." Aliais, o mesmo pensamento que tinha do Blog. E com o twitter aconteceu a mesma mudança, pelo mesmo motivo. Da mesma forma que comecei a ver Blogs de gente como Samuel Celestino, Marcelo Taz, Theotonio do Santos, etc, comecei a ver Twiters de José Serra, Wiliam Bonner, Mario Kerstesz, que acredito, teria coisa melhor a fazer se não tivessem algo a dizer no twitter. Mas a motivação final veio mesmo por causa do Serra. Ainda não tenho uma definição de voto para presidente, mas devo admitir que é impressionante ver a desenvoltura do Serra nessa ferramenta. E ele realmente pegou o espírito da coisa: o twitter, diferente de um blog, que já é diferente de um site, está na menor escala de "sisudice". Ou seja, você até pode colocar alguma notícia política bombástica lá, mas nada impede que você faça uma aproximação direta com o eleitor (como um twet onde ele responde o peso e a altura para uma curiosa. Quer coisa mais trivial?!) ou dê uma opinião imediata sobre alguma notícia. Devo admitir que fiquei impressionado. Assim, me tornei Twiteiro primeiro para seguir o Serra. Mas depois vi que poderia ser uma fonte interessante de informações. Então, é claro que passei a seguir a Dilma também e o Mario Kertesz, no sentido de ter algumas informações em primeira mão, de vezs em quando. Até o Obama eu estou seguindo! Bom, como a maioria dos meus posts, a introdução se transformou no próprio post e nem pude retomar os posts prometidos no post anterior, sobre os psicólogos. Como já são três da manhã e tenho aula às nove, vou dar uma paradinha. Mas espero que ela seja bem mais curta do que a minha última parada. E, para fazer uma última homenagem ao Rei, pela primeira vez só como tendem a ser um dia todos os mortais: "Eu voltei, agora para ficar. Porque aqui, aqui é o meu lugar. Eu voltei para as coisas que eu deixei. Eu voltei..."