quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Resenha - A Tirania da Penitência, de Pascal Bruckner (2000)

Pascal Bruckner, filósofo e romancista francês, prossegue em sua sina de denunciar a autocomiseração e as posturas “politicamente corretas” da sociedade e do Estado, iniciada em “As lágrimas do Homem Branco” (1990) e seqüenciada por “A Tentação da Inocência” (1995). Em “A Tirania da Penitência”, o seu discurso gira em torno de três dicotomias territorialmente concêntricas: globalmente (EUA x Europa), regionalmente (Israel x Palestinos) e localmente (Maiorias x Minorias). Para cada um dos supostos “vilões” do momento (EUA, Israel e Maiorias), o autor contrapõe a face não tão benevolente dos seus duplos (Europa, Palestinos e Minorias), numa tentativa de desconstruir a fala majoritária da centro-esquerda mundial. O formato dessa tentativa mantém a estrutura anteriormente utilizada em outros livros do autor, com textos curtos (e contundentes), entremeados por “boxes” (textos independentes, mas que dialogam com o contexto geral) formando oito capítulos, ladeados por uma introdução e uma conclusão, num total de 239 páginas.

Link para baixar a resenha completa:
http://www.4shared.com/office/3kHiq85Rce/Microsoft_Word_-_Resenha_Pasca.html

domingo, 25 de outubro de 2015

Os novos artífices do futuro soteropolitano

Sempre espero muito dos artigos quinzenais do professor Paulo Ormindo no jornal “A Tarde”. Espero porque o considero um homem de olhar crítico, porém, no mais das vezes, propositivo (a critica per si é um habito que execro). São emblemáticas dessa crítica proativa duas polêmicas públicas nas quais entrou: Ponte Salvador-Itaparica, cuja alternativa seria a perimetral costeira; e Linha 2 do Metrô, cuja alternativa (está já excluída), seria a passagem em trincheira. Gosto, portanto, de 95% dos seus artigos que, espero, sejam logo convertidos em livro.

No artigo de hoje (25/10/2015), essa expectativa foi compensada pela sua lembrança, ainda na infância, dos 400 anos de Salvador, em 1949. Ele comparava a pletora de realizações àquela época (década de 1950) com a nossa situação contemporânea, que se tem oportunidades que o próprio reconhece (comunicação em rede, urbanidade solidária), tem também desafios e incertezas enormes que o próprio igualmente enumera (mudanças climáticas, crise de representatividade).

Porém, uma coisa me chamou a atenção e me instigou a escrever essas poucas linhas: a concentração de figuras ilustres dessa época, verdadeiros artífices do seu tempo e que nos deixaram um enorme legado, se não materialmente traduzido, perfeitamente eternizado no quase consenso quanto ao fato da década de 1950 ter sido a idade de ouro da Bahia e da Salvador do século XX. Ele enumera nomes por mim conhecidos, como os artistas plásticos Mário Cravo, Carlos Bastos, Genaro de Carvalho, Jenner Augusto e Carybé; os políticos Octávio Manguabeira e Nestor Duarte; e pensadores práticos como Thales de Azevedo e Diógenes Rebouças, além de outros que fiquei interessado em conhecer como Alexandrina Ramalho e Adroaldo R. Costa (sem contar o mistério dos tais “dez livros encomendados pela prefeitura em 1949 para entender os 400 anos da cidade”, que vou buscar descobrir quais são e onde estão para, o quanto antes, lê-los).

A esses nomes acrescentaria um ou outro que também compuseram com maestria essa época mágica da nossa cidade: Lina Bo Bardi, Jorge Amado, Dorival Caymmi, Calazans Neto, Anton Smetak, Pierre Verger e o grande Edgard Santos, para mim, um dos maiores responsáveis pela efervescência cultural da época, trazendo para compor os quadros da Universidade Federal da Bahia nomes como Hans Joachim Koellreutter para a Escola de Música e Yanka Rudzka, para a Escola de Dança, além do pernambucano Eros Martim Gonçalves para a Escola de Teatro.

Quando construí os questionários para os atores-chaves, no âmbito do Plano Salvador 500, era fundamental entender para mim o “de onde viemos” para entender o “onde estamos” para, só então, pensar no “para onde vamos”. Para mim, entender a Salvador atual e pensar a Salvador do futuro passa necessariamente por entender essa mítica Salvador dos anos 1950, tão bem retratada na obra de Antônio Risério “Avant Garde na Bahia” (1996).

Assim, instigado por uma época que não vivi mas que me é tão cara, resolvi fazer algo que chamo, por fazê-lo sem qualquer pesquisa mais apurada sobre a biografia dos aqui citados, de “brincadeira”: quem seriam os novos artífices do futuro soteropolitano em 2015? Para isso, separei os nomes elencados por Ormindo e por mim acrescentados em categorias, tentando achar quem, nos dias atuais, poderia se enquadrar. Faço isso por deleite pessoal, sem qualquer intenção de ofender ninguém e buscando, de coração aberto, aprender com discordâncias aos nomes propostos, indicação de novos nomes que eu possa vir a conhecer, etc. Vamos lá:

O Realizador:
1950 – Octávio Mangabeira
2015 – ACM Neto
Obs: Polêmica das polêmicas. Antes que alguns me atirem à fogueira, justifico. A questão que levanto aqui não remete à figura histórica do ex-governador, mas a sua capacidade de deixar a marca na cidade, como já fizera anteriormente J. J. Seabra no início do século passado. Sei (muito de perto) das polêmicas envolvendo as obras do prefeito (Barra, Rio Vermelho, as orlas de Tubarão, São Tomé, Piatã e Itapuã), mas tento pensar qual o outro político recente teve esse impacto sobre nossa cidade? Mário Kerstez? Antônio Imbassahi? Certamente Lídice da Mata (apesar da LIP) e João Henrique Carneiro (apesar dos espaços públicos construídos às custas dos nossos rios) não figurariam nessa categoria. Aos que discordam, peço humildemente sugestões.

O pensador
1950 – Thales de Azevedo
2015 – Antônio Heliodorio
Obs: Considero que Salvador está razoavelmente bem servida de pensadores que se debruçam sobre Salvador, como Ana Fernandes, Ângela Gordilho, Inaiá Carvalho, Anete Brito Leal, Luís Antônio de Souza, Clímaco Dias, Débora Nunes, Luiz Roberto Moares, Juan Pedro Moreno, Ordep Serra e Ângelo Serpa, entre tantos outros. Porém, o professor Heliodorio exerce para muitos dos seus admiradores (eu incluso) um fascínio especial pela sua maneira de pensar muito prática, mas sem abdicar de uma visão que enxerga para além do ato em si da construção da cidade, alcançando o plexo de forças que conduz tal construção. Essa, que era uma impressão pessoal das inúmeras palestras que ouvi do professor Heliodório, se consolidou após a lida da 2ª. Edição do seu Livro “Formas Urbanas” (2015).

O Reitor
1950 – Edgard Santos
2015 – João Carlos Salles
Obs: Quando vi duas das chapas concorrentes à reitoria da UFBA composta por figuras que eu já conhecia o quilate acadêmico (João Carlos Sales e Paulo Miguez, de um lado, e Nelson Pretto e Angelo Serpa, de outro), visualizei as enormes potencialidades dessa nova UFBA. Quando João Carlos ganhou, a minha primeira impressão é que poderíamos reeditar os anos de ouro do reitor Edgard Santos, pois cacife para isso João Carlos tem (especialista em Ludwig Wittgenstein, ex-diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e coordenador dos Encontros de São Lázaro, dos quais era fã e onde pude ouvir nomes como Francisco de Oliveira, Marco Aurélio Nogueira e Istvan Meszaròs). Infelizmente, a crise pela qual passa o país agravou a já existente crise da UFBA e está praticamente imobilizando as enormes possibilidades que João Carlos teria a frente a universidade. É uma pena.

O arquiteto
1950 – Diógenes Rebouças
2015 - ?
Obs: Não estamos mais diante do “latifúndio profissional”, como se referiu Bina Fonyat ao domínio de Diógenes Rebouças sobre a arquitetura de Salvador na década de 1950. Hoje temos vários arquitetos deixando sua marca na cidade: Lourenço Prado Valladares (Barra), Joaquim Gonçalves (Itapuã, Piatã e Jardim de Alah), Sidney Quintela (Rio Vermelho), Floriano Freazza (Mercado de Itapuã). Talvez em termos de realizações, nomes como Antônio Caramelo e Francisco Peixoto devessem ser cogitados, mas penso que Diógenes representava mais esse olhar público sobre a arquitetura (inobstante tenha construído seu legado também sobre projetos privados). Fiquei realmente na dúvida quanto a quem seria o grande arquiteto atual da nossa cidade. Sugestões?

O Educador
1950 – Anísio Teixeira
2015 - ?
Obs: Essa foi a constatação que mais me preocupou. Desde que me entendo por gente, sempre ouvi (e acredito, apesar de tudo), que não há solução fora da educação. Seja a educação intelectual, para criar grandes nomes como os citados acima, seja a educação cotidiana, para combater o que um dos meus mestres, o arquiteto Jorge Moura, tão bem chamou de “relação selvagem das pessoas para com a cidade”. Mas enquanto Anísio Teixeira provocou uma verdadeira revolução educacional com a Escola-Parque, não consegui chegar a um consenso sobre a quem cabe esse papel hoje na intelectualidade soteropolitana. Pensei no antropólogo Ordep Serra, com sua poética da cidadania. Pensei em Mãe Stella, com seu conhecimento arqueo-contemporâeo. Pensei até (por mais blasfêmico que isso possa parecer) no atual secretário de educação Guilherme Bellintani, que, apesar de não ser um especialista em educação, tem buscado, com sua já notória criatividade, trazer algo de diferente para a gestão da educação na cidade. Mas realmente nenhum desses três nomes me parece ter a dimensão que teve Anísio Teixeira. Essa é a lacuna mais preocupante. Espero que alguém possa dar uma sugestão para preenchê-la.

O Político
1950 – Nestor Duarte
2015 – Sem comentários.
Obs: No campo da política atual, acho que todos somos como Diógenes que, empunhando uma lanterna, procurava em vão um “homem honesto” na Atenas do século III a.C. Não visualizo o grande tribuno, o estadista, o condutor de interesse maiores entre nossa fauna partidária. Edvaldo Brito? Waldir Pires? Hilton Coelho? Realmente não vejo.

O quadro atual, portanto, tem algumas convicções, algumas incertezas e algumas ausências, quando comparado aos anos 1950. Porém, “é o que temos para hoje” e é nessa realidade que precisamos trabalhar para melhorar nossa cidade e nossa sociedade, se não para uma nova idade de ouro, pelo menos para uma Salvador 500 da qual possamos nos orgulhar.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Uma Tentativa de Periodizar a Evolução do Rock na Bahia: das "imitações" dos anos 1950 à música digital dos anos 2000

A expressão musical é um dos elementos essenciais para a caracterização de um período histórico e/ou um grupo social ou etário. Podemos falar do música barroca do Renascentismo, das óperas clássicas de Belle Epoque, da Bossa Nova, no Brasil de JK ou da Música Eletrônica que inunda a nossa “modernidade líquida”, tão bem descrita por Bauman.
O Rock and Roll entra com destaque nessa moldura. E nesse caso, apesar do “bom e velho” rock’n roll comprovar sua longevidade (exemplo icônico: The Rolling Stones), esse gênero musical tem uma profunda relação com a rebeldia e a busca de identificação/identidade de uma determinada faixa etária. Mas, seja feita por menores de idade (como Pepeu Gomes, que tinha 11 anos quando montou sua primeira banda, Los Gatos) ou por sexagenários (que o digam David Gilmor, Lemmy ou Angus Young), o rock, desde meados do século passado, tem um peso enorme na cultura popular ao redor do mundo.
O presente texto busca, muito modestamente, traçar um pequeno histórico desse gênero musical na Bahia. A partir desse histórico, busca-se identificar (ainda que de modo imperfeito) alguns períodos mais homogêneos em termos de características musicais dessas bandas. O objetivo final, no entanto, é verificar até que ponto o rock made in Bahia contribuiu, contribui ou poderá contribuir com a música baiana de modo geral.

Segue o texto no link abaixo:
http://www.observatoriodadiversidade.org.br/revista/edicao_001/Revista-ODC-001-08.pdf

domingo, 21 de setembro de 2014

Curso "O Cinema de Ingmar Bergman", por Sérgio Rizzo.

RESUMO DO CURSO “O CINEMA DE INGMAR BERGMAN”, DADO POR SERGIO RIZZO NO CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL.

PRIMEIRA AULA (20/06/2012):
Bergman entendia que os filmes eram como as pessoas: gostamos de alguns, não gostamos de outros, e somos indiferentes ao demais. (Fagner: Essa parece ser uma afirmação bastante despretensiosa para quem fez os filmes que Bergman fez, muitos deles manifestos cinematográficos sobre temas existenciais. Porém, é uma afirmação bastante verdadeira, particularmente no meu caso, que gostei, não gostei e me sinto indiferente, a depender do filme de Bergman em questão).
Os grandes temas no cinema de Bergman (Fagner: principal lição dessa primeira aula):
Amor e Casamento Para Bergman, o relacionamento à dois é um inferno. Porém, é um mal necessário, uma vez que a solidão é pior.
No cinema de Bergman, a mulher tende a ser apresentada como o personagem mais forte da relação, diante de homens visivelmente mais frágeis. (Fagner: Essa é uma característica explícita em Bergman, tanto que já aparece nos meus primeiros comentários sobre os primeiros filmes de Bergman que assisti).
Os homens são apresentados como egoístas e angustiados.       
2.       As Instituições
São vistas sob a perspectiva do “Vigiar e Punir”, de Michel Foucault.
As instituições representam a ordem burguesa, criticada por Bergman.
(Fagner: Parece com a visão do casamento. Seria que isso permite inscrever, no cinema de Bergman, a ideia subjacente de que a vida é uma sucessão de resignações? Relacionamento ruim, mas necessário; ordem burguesa ruim, mas necessária, etc).
O Mundo da Arte X O Mundo da Religião
3.A arte – elogio à criatividade como fator de sanidade mental.
4. A religião: é vista de forma ácida, que faz promessas que não pode cumprir.
O Silêncio de Deus
Deu origem à chamada “Trilogia do Silêncio”, formado por “Através do Espelho” (1961); “Luz de Inverno” (1961); “O Silêncio” (1962). 
Por conta da exploração dessa temática, o cinema de Bergman despertou interesse em pensadores religiosos.
A exploração desse tema em Bergman gerou o livro “O Silêncio de Deus.”
Quanto a essa questão, existem dois grupos de opinião:
Bergman sustenta que Deus não existe;
Bergman sustenta que Deus existe, porém não fala.
5. O mistério da Morte
·         Bergman coloca que o suicídio é uma forma de esclarecer esse mistério. 
6.       A verdade interior
·         Neste ponto, Bergman trata da construção da identidade.
7.       Sexualidade como motor da vida. (concepção defendida por Freud).
->·         Cinema e teatro tem uma carga erótica intensa.
8.       A busca de um sentido em uma sociedade materialista.
9.       Um cineasta diante do espelho.
·         Elemento estético vasta e recorrentemente usado por Bergman. (Fagner: Também outra questão bem explícita, que já aparece nos meus primeiros comentários.)
·         Produção autobiográfica, ou seja, os filmes de Bergman colocam as angústias do próprio cineasta diante do espelho e diante do público na grande tela.
·         Segundo Rizzo, trata-se de uma “monologo de muitas vozes” (um só criador fala através de vários personagens.)
Sobre a evolução do cinema de Bergman, Rizzo não a vê como linear, indo de um Bergman imaturo, que trata de certos temas, para um Bergman maduro que trata de temas totalmente diferentes. Para ele, trata-se muito mais de uma evolução em espiral, onde Bergman trata sempre de um mesmo conjunto de temas, porém, ao voltar a eles anos depois, o faz a partir de uma outra perspectiva, mais aprofundada, mais evoluída.
Rizzo sugere pelo menos três livros para entender o cinema de Bergman: os dois livros de sua própria autoria: “Lanterna Magica” e “Imagens” e ainda o livro composto por uma entrevista de Bergman, chamado “O Cinema Segundo Bergman”.
A seguir, Rizzo traça uma evolução do cinema mundial até Bergman, de modo a fazer ver que Bergman parte de um lugar, tem influências e encontra um cinema que já tem suas regras, métodos e cânones, que ele pode escolher seguir ou subverter.
É fundamental entender que quando Bergman chega ao cinema, ele já tem uma carreira estabelecida no teatro sueco. E ele conduziu as duas carreiras em paralelo, sendo que ele produziu três vezes mais peças do que filmes. Essa relação dupla é descrita por Bergman da seguinte: “O Teatro é minha companheira e o cinema é minha amante cara.”
Bergman no Teatro:
·         Bergman começa sua vida artística fazendo teatro amador na Suécia.
·         Em 1944, é nomeado diretor do Teatro Público de Heisenberg. Torna-se o mais jovem diretor de teatro da Suécia, então com 26 anos.
·         Entre 1946 e 1949, torna-se diretor do teatro de Goteborg.
·         Entre 1952 e 1958 – Torna-se diretor do teatro de Malmo – é aqui que ele conhece e incorpora vários atores do seu “elenco bergmaniano”.
·         Entre 1963 a 1966 – Diretor do Teatro de Estocolmo – é o seu auge como diretor de teatro.
No verão de 1942, escreveu 12 peças. Várias geraram filmes ou partes de filmes de Bergman.
A obra do Bergman cineasta circula e dialoga com o Bergman encenador e dramaturgo, em especial com autores encenados por ele, como Ibsen e Strinberg.
A seguir, Rizzo traça a evolução do cinema até Bergman:
Primeira Geração – Pioneiros da Tecnologia (1847 – 1868):
  • ·         Thomas Edison;
  • ·         Irmãos Lumierè;
  • ·         Georges Méliès;
  • ·         Pascoal e Afonso Segreto (trouxeram o cinema para o Brasil)
Segunda Geração – Pioneiros da Realização Cinematográfica:
  • ·         David W. Griffith
  • ·     Victor Sjostrom (Descobriu Bergman e fez o papel principal no clássico de Bergman “Morangos Silvestres”)
  • ·         Mauritz Stiller
Terceira Geração – Geração de Ouro (fazem a transição entre o cinema mudo e o cinema sonoro):
  • ·         Carl Driyer
  • ·         Fritz Lang
  • ·         John Ford
  • ·         Alberto Cavalcanti (produtor e cineasta brasileiro, criador dos Estúdios Vera Cruz)
  • ·         Serguei Eisenstein
  • ·         Alfred Hitchcock
Quarta Geração:
  • ·         Robert Bresson
  • ·         Alfred Sjorberg
  • ·         Roberto Rosselini
  • ·         Billy Wilder
  • ·         Luis Bunuel
Quinta Geração:
  • ·         Akira Kurosawa
  • ·         Michelangelo Antonioni
  • ·         Orson Welles
  • ·         Frederico Felinni
  • ·         Ingmar Bergman
Sexta Geração:
  • ·         Nelson Pereira dos Santos
  • ·         Glauber Rocha
  • ·         Walter Hugo Khoury
  • ·         John Cassavetes
  • ·         Woody Allen
  • ·         Jean Luc-Godard
  • ·         François Truffaut
  • ·         Roman Polanski
Além dessa evolução mundial, Rizzo traça também uma evolução do próprio Bergman na produção de cinema na Suécia.
Rizzo lembra que, com exceção de Gunnar Fischer, que foi diretor de fotografia de Bergman, todos com que ele trabalhava eram mais jovens que ele.
A primeira aparição de Bergman em um filme foi como assistente de direção e roteirista do filme “Tormenta”, de 1944, de Alfred Sjorberg.
Rizzo lembra que Bergman já aparece em um contexto de produção cinematográfica industrial na Suécia. Bergman não foi um artista à margem da indústria, mas sim um cineasta de uma indústria que lhe permitia fazer os seus filmes de modo autoral.
Bergman não é uma unanimidade na Suécia, assim como a maioria dos artistas em seus respectivos países (a exemplo de Kurosawa, no Japão).
Bergman sofre uma influência grande do cinema francês dos anos 1920 (realismo poético francês).
Influências diretas de Bergman:
  • ·         Jean Renoir (“A Grande Ilusão”, “A Regra do Jogo”, etc);
  • ·         Marcel Carné (“Cais das Sombras”, “Os Visitantes da Noite”);
  • ·         Julien Duvivier (“Um Carnê de Baile”).
Influência do cinema alemão:
  • ·         Josef von Sternberg (“O Anjo Azul”)
Influência do cinema italiano:
  • ·         Escola Neo-realismo (“Ladrões de Bicicleta”, de Vittorio De Sicca)
Influência do cinema norte-americano:
  • ·         “E O Vento Levou”
  • ·         “No Tempo das Diligências”
  • ·         “Vinhas da Ira”
  • ·         “Cidadão Kane”
  • ·         “Casablanca”.

SEGUNDA AULA (21/06/2012)
O primeiro filme que Bergman considera realmente seu é “Prisão” (1949). Trata-se do primeiro filme onde o argumento era do próprio Bergman. Foi o sexto filme dirigido por Bergman.
A forma característica dos créditos (ditos em off ao longo de um plano sequência) chama atenção do crítico Sérgio Rizzo (e minha também, como registrei no facebook). Rizzo lembra que outro filme que usa esse recurso é Fahrenheit 451, de François Truffaut, produzido em 1966.
Essa forma pouco usual já demonstra a liberdade e a negação das regras institucionais do cinema.
Nono filme de Bergman, “Juventude” (1951). Segundo Rizzo, aqui o estilo de Bergman já está bem definido.
Os primeiros filmes de Bergman chamaram atenção também pela ousadia com que o sexo e a libertinagem eram tratado, principalmente nos anos 1950.
Décimo terceiro filme de Bergman, “Noites de Circo” (1953). A importância desse filme para a trajetória de Bergman é que se trata do primeiro filme onde o diretor de fotografia é Sven Nikvist. Com Nikvist, Bergman começa a ter uma linguagem visual própria, afastando-se mais do expressionismo, estilo que influenciava o cinema europeu. Uma mudança importante trazida por Nikvist para o cinema de Bergman é a mudança de iluminação para cada filme, ao invés de manter uma única forma de iluminação para todos os filmes.
Em Nikvist, Bergman encontra alguém em quem pode confiar, podendo se dedicar exclusivamente à direção, coisa que não fazia antes.
Rizzo lembra que Woody Allen, reconhecendo a influência de Bergman, busca Nikvist para trabalhar em alguns de seus filmes. E também no cinema de Woody Allen Nikvist deixou a sua marca.
Para Rizzo, “Noites de Circo” é o primeiro grande filme de Bergman, onde o talento de Bergman torna-se incontestável.
“Noites de Circo” aponta, de forma mais clara, para a arte no cinema de Bergman.
“O Rosto” (1958) também aborda um artista, porém de forma pejorativa (o artista como iludidor).
Outros filmes de Bergman que claramente abordam a arte e, mais que isso, a sua insignificância no mundo moderno, são “A Hora do Lobo” (1968), “Vergonha” (1968) e “Paixão de Ana” (1969).
Bergman: “Religião e Arte existem por razões sentimentais, como uma cortesia convencional ao passado.”
“O Rito” (1969) também poderia ser enquadrado nesses filmes sobre arte. Tratava-se de um filme para TV.
Vê-se, a partir desses quatro filmes de Bergman, como o diretor tem uma visão crítica e amarga sobre a arte.
Para concluir a aula do dia, Rizzo afirma que a obra de Bergman não é sobre certezas, nem oferece respostas. É essencialmente uma obra sobre dúvidas e perguntas.

TERCEIRA AULA (22/06/2012)
Filmes de Bergman mais comentados:
  • ·         “Noites de Circo”;
  • ·         “Mônica e o Desejo”;
  • ·         “Morangos Silvestres”;
  • ·         “O Sétimo Selo”;
  • ·         “A Fonte da Donzela”;
  • ·         “Persona”;
  • ·         “Gritos e Sussurros”;
  • ·         “Cenas de Um Casamento”;
  • ·         “Fanny e Alexander”.
Os favoritos de Rizzo:
“Face a Face” (37º. Filme de Bergman). Primeiro filme de Bergman que Rizzo assistiu. Também foi um filme feito para TV. Foram 4 episódios de 50 minutos.
“A Fonte da Donzela” é um filme que marca muito o estilo de Bergman, que já aparece aqui consolidado.
A Famosa Trilogia do Silêncio: “Através do Espelho” (1961), “Luz de Inverno” (1962) e “Silêncio” (1963). É chamada de “Trilogia do Silêncio” porque abordam o silencio de Deus diante do mal no mundo.
Esses filmes tratam do processo que vai da certeza adquirida à certeza revelada para, enfim, deparar-se com o silêncio de Deus.
Destes três filmes, o preferido de Rizzo é “Luz de Inverno”, que é o mais minimalista dos três.
Diferente do Bergman das questões metafisicas, em “Luz de Inverno” e “O Silêncio”, existem questões contemporâneas, como a Guerra Fria. Esses dois são filmes que tratam de questões políticas.  
Esses filmes também se destacam pelo uso de close-ups, muitas vezes olhando em direção do espectador. Para Rizzzo, esse olhar para o espectador é um recurso do teatro no cinema. Isso explica também a facilidade da passagem de Bergman do cinema para a TV.
“Persona” (27º. Filme de Bergman) (1966). Caracteriza-se pelo experimentalismo. Trata-se da radicalização de um espírito de experimentação em Bergman. Para muitos, é o filme mais rico de Bergman, onde o conteúdo e a forma completam-se. A forma é o conteúdo e vice-versa.
Bergman: “O filme deve se aproximar ao máximo do sonho.”
“Gritos e Sussurros” (1973). Para Rizzo, é o filme mais rico em termos de metáforas e símbolos. Concorre ao oscar de melhor filme, algo raríssimo para um filme não falado em inglês.
A imagem inicial que inspirou Bergman para o filme foi a imagem de quatro mulheres em quatro quartos de cores diferentes.
“Gritos e Sussurros” seria o filme mais rico em termos estéticos de Bergman. É o preferido do crítico Rubens Ewald Filho.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

Síntese - A Necessidade da Arte, de Ernst Fischer

COMPILAÇÃO - RESUMO
FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.

INTRODUÇÃO – Antônio Cândido
P. 08 – À medida que a vida humana fragmenta-se pela complexidade das tarefas e interesses, mais consolida-se a função da arte, que é refundir o homem consigo mesmo.
P. 09 – Com as crises do capitalismo, a arte tem como principal questão criar uma ponte entre o povo e o artista.
P. 10 – Na atualidade, a angústia é um privilégio dos que dispõem de ócio.

CAPÍTULO 1 – A FUNÇÃO DA ARTE
P. 11 – Mondrian entendia que a arte se tornaria dispensável à medida que o homem encontra-se seu equilíbrio. Segundo Fischer, com isso é impossível, a arte nunca desaparecerá.
P. 12 – A necessidade de se sentir um homem total, uma plenitude impedida pelas limitações humanas, faz o homem não se satisfazer com a sua própria existência.
P. 13 – A arte é o meio indispensável para esta união do indivíduo com o todo.
P. 14 – o artista deve transformar a experiência em memória e a memória em expressão.
P. 14 – A paixão que consome o diletante serve ao verdadeiro artista.
P. 15 – Bertold Brecht afirma que o efeito da arte para a classe dominante é esconder a luta de classes pela afirmação de uma universalidade da obra de arte. Para Brecht, o que a arte deve é justamente enfatizar a luta de classes e incita-la.   
P. 17 – Toda arte é, ao mesmo tempo, produto do seu tempo e produtora de um momento atemporal da humanidade.
P. 19 – Em sua origem, a arte foi magia. Ciência, religião e arte se uniram na aurora dos tempos.
P. 19 – A arte jamais é mera descrição clínica do real.
P. 20 – Mesmo a arte militante não pode perder o seu caráter “mágico”, pois senão deixa de ser arte.
P. 20 – A arte é tão necessária pelo seu potencial de mudar o mundo ao incitar a ação reflexiva quanto pelo seu potencial de mudar o homem ao incitar a imaginação emocional.

CAPÍTULO 2 – AS ORIGENS DA ARTE
P. 21 – A arte é uma forma de trabalho e é esse que caracteriza o animal humano. (Fagner - A ideia do homo faber anteceder o homo sapiens). 
P. 27 – A experiência da necessidade gera a resposta do instrumento ocasional (uma vara usada para pegar uma fruta). Porém, é com a criatividade que se gera o instrumento padronizado (vara como extensão do braço).
P. 30 – Foi a partir da complexificação do trabalho que os sinais rudimentares e escassos do homem foram se desenvolvendo em direção a uma linguagem sofisticada.
P. 41 – Dupla natureza do homem: 1) o homem pertence à natureza; 2) o homem pertence a uma supra-natureza que ele criou.
P. 42 – O primeiro homem a fazer um instrumento foi o primeiro artista.
P. 45 – A função da arte nos seres primordiais foi a de conferir poder, uma vez que a arte molda a realidade para além da realidade, favorecendo aqueles que dominam a arte, direta ou indiretamente. (Fagner – Isso pode explicar alguns momentos de “mecenato” e aproximação de artistas e os poderoso, numa linha próxima a anteriormente exposta por Brecht).
P. 47 – A arte é essencialmente coletiva. Ainda que possa ser uma expressão individual, essa expressão só se torna arte a partir da intersubjetividade entre artista e plateia. (Fagner – Para mim, essa “condição intersubjetiva” da arte é a base do seu entendimento. Por ela, um “artista” que nunca expusesse suas obras não pode ser assim chamado. Concordo plenamente).
P. 50 – Numa sociedade dividida em classes, as classes recrutam a arte para seus propósitos.
P. 51 – O feiticeiro, na sociedade primitiva, era artista e representante do coletivo junto aos deuses. Com a evolução da sociedade, o vínculo entre o feiticeiro e o artista se desfaz, mas não o vínculo entre o artista e a sociedade. E nessa intermediação, a individualidade do artista submete-se à sua função de intermediador.
P. 52 – O preço da diferenciação da habilidade e da diferenciação das classes, ao lado da complexidade humana de modo geral, levou à alienação do homem tanto do homem quanto de si mesmo.
P. 55 – A ascensão dos mercadores e comerciantes no mundo feudal levou também à ascensão do individualismo também nas artes.
P. 56 – Apesar da nova individualidade na arte, ainda havia o traço da coletividade na relevância da expressão artística.
P. 57 – A sociedade precisa do artista e tem o direito de pedir-lhe que ele seja consciente de sua função social. (Fagner – E este tem o dever de atender a esse pedido?)
P 57 – Usualmente o artista reconhece uma dupla função: 1) aquela imposta ela sociedade; 2) aquela imposta por sua consciência. Quando há uma incompatibilidade frequente entre as duas, é um sinal de um crescente antagonismo no interior da sociedade.
P. 58 – Em um mundo em decadência, a arte, para ser verdadeira, deve expressar essa decadência. Mas deve, em atendimento à sua função social, mostrar que o mundo precisa ser mudado. E ajudar a muda-lo.

CAPÍTULO 3 – A ARTE E O CAPITALISMO
P. 59 – Com a consolidação do capitalismo, tudo se tornar mercadoria. Isso ocorre também com a arte, tornando o artista um produtor de mercadorias como outro qualquer.
P. 60 – Enquanto a sociedade pré-capitalista tendia à extravagância, gerando o mecenato artístico, a sociedade capitalista impõe a lógica do lucro à arte.
P. 61 – Ao mesmo tempo em que o capitalismo foi hostil à arte (impondo-lhe a lógica do lucro em substituição à liberdade do mecenato), por outro lado, libertou o artista da dependência do mecenas, possibilitado acessar novas formas de subsistência pela arte.
P. 62 – Ao longo do processo de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna (Renascimento, Revolução Francesa), o artista ainda podia exprimir suas ideias. Porém, a partir de 1848 e da consolidação do capitalismo, os artistas entram no mundo capitalista da produção de mercadorias artísticas.
P. 63 – O Romantismo foi um movimento de protesto contra o mundo burguês. Era a expressão artística das dores do parto da sociedade capitalista.
P. 64 – o Romantismo defendia que nenhum tema era comum demais para ser excluído da arte.
P. 65 – O Romantismo dava destaque ao “eu”, porém um “eu” que oscilava entre o rebelde e o derrotado.
P. 67 – Características do Romantismo: sensação de desconforto do artista perante o mundo; certa preocupação com o povo (que tinha um caráter mitificado); e celebração do caráter único do individuo.                      
P. 67 – Apesar de sua revolta contra a lógica capitalista, o artista romântico foi o primeiro a produzir arte como mercadoria.
P. 70 – O Romantismo Alemão foi o mais radical, pronunciando-se contra qualquer progresso (associando este ao capitalismo) e enaltecendo o passado.
P. 71 – A sexualidade e o conceito de dionisíaco/apolíneo do Romantismo antecederam Freud e Nietzsche, respectivamente.
P. 74 – O conceito de “folklore” (cultura popular) foi desenvolvido pelo Romantismo.
P. 75 – A arte se originou de uma necessidade coletiva, porém é o individuo que produz arte.
P. 80 – A “arte pela arte” foi um movimento conexo com o Romantismo, tendo como representante Charles Baudelaire.
P. 80 – A “Arte pelo Arte” é uma reação a arte como mercadoria.
P. 82 – Para Fischer, mesmo a “Arte pela Arte” foi apenas uma tentativa ilusória de libertação.
P. 83 – O Impressionismo foi também uma revolta contra a arte oficial.
P. 86 – O termo Impressionismo decorre de uma pintura de Claude Monet exposta em 1874.
P. 89 – O Naturalismo, cujos representantes são Zola e Flaubert, buscava uma arte ainda mais radical do que aquela produzida pelo Realismo.
P. 89 – Apesar de querer aparentar imparcialidade, o Naturalismo também é uma reação contra o mundo burguês.
P. 90 – O homem, para o Naturalismo, era um ser passivo, vítima das circunstâncias.
P. 94 – Rousseau foi o primeiro a usar o conceito de “alienação” política como resultado do governo. Só a vontade geral não se aliena.
P. 98 – A burocracia é um elemento essencial da alienação do homem.
P. 100 – A alienação tem papel decisivo na arte do século XX como em Kafka e Beckett.
P. 102 – Apesar do niilismo aparecer como um traço característico de Nietzsche, essa já era uma característica anterior do escritor do mundo burguês decadente como Flaubert.
P. 103 – Para Fischer, o niilismo é útil às classes dominantes em épocas de fermentação revolucionária, pois canaliza parte dessa rebeldia para um discurso desesperançoso e passivo.
P. 104 – A desumanização é outro traço da arte burguesa crepuscular.
P. 105 – O homem é visto não só como um objeto entre outros, mas como o objeto mais impotente de todos.
P. 108 – A fragmentação é outra característica importante, impactando a estrutura ortodoxa da arte, transformando-a também em fragmento, a exemplo da poesia de Rimbaud.
P. 110 – Outra característica é a mistificação, resposta a complexidade da vida industrializada.
P. 117 – A questão da desumanização e dessocialização da arte são potencializada pelo aparecimento das técnicas de reprodução mecânica – fotografia e gravação – que produzem entretenimento.
P. 118 – O hermetismo da arte erudita abre cada vez mais espaço para o lixo do entretenimento.
P. 122 – O realismo em arte é um conceito elástico. Às vezes é visto como o reconhecimento de uma realidade objetiva. Às vezes, é visto apenas como um método de trabalho.
P. 122 – O reconhecimento da realidade não deve ser vista como realidade meramente exterior ao homem, mas sim recriada por ele.
P. 123 – Com o conceito de realismo como atitude de reconhecimento da realidade tanto exterior quanto interior ao homem (“a arte une realidade à imaginação”) quase toda arte se torna realista. Assim, Fischer considera mais útil confinar o conceito de realismo a um método de trabalho artístico. Este busca trabalhar a burguesia como um conceito aberto e não um conceito fechado e hierarquizado.

CAPÍTULO 4 – CONTEÚDO E FORMA
P. 148 – Toda classe dominante tenta, para proteger seu status quo, dissociar este status quo de um mero interesse de classe, tentando mostrar que, na verdade, defendem valores imutáveis e coletivos.
P. 148 – Por isso, a burguesia, ao invés de defender o capitalismo, defende a democracia, escondendo a luta de classes.
P. 149 – Na defesa do status quo sob ataque, a classe dominante fixa sua luta em torno da forma e não do conteúdo sob ataque. Dai o surgimento, no campo das artes, do “Formalismo”.
P. 150 – A escolha do tema da obra de arte revela a atitude do artista. Porém, o mesmo tema pode ser tratado de diversas formas.
P. 151 – O conteúdo da obra de arte não é apenas “o que é” apresentado, mas também “como” é apresentado.
P. 151 – A classe dominante sempre pensa que o seu modo de ver o mundo é objetivo, correspondendo à verdadeira ordem das coisas.
P. 152 – O tema do trabalho na arte surgirá. Passa da objetividade da classe dominante ao panorama crítico dos plebeus.        
P. 153 – Nas artes da Antiguidade Clássica, o trabalho não era considerado um tema digno de atenção.
P. 153 – Na Idade Média e na Renascença, o trabalho aparecerá nas artes.
P. 154 – Na arte barroca, o retorno à natureza e o tema do pastor alegre em servir seus patrões serviu para esconder a tensão social existente.
P. 154 – Na Holanda, país dominado por uma burguesia cônscia do seu poder, a arte retratava o trabalho, não como idealização, mas como realidade. O trabalhador, mais do que serviu, era visto e retratado como ser produtivo.
P. 155 – Se no holandês Brueghel, o camponês era realista, na pintura de Millet, ele era o símbolo de uma luta contra a escravidão moderna.
P. 158 – Se Van Gogh, a exemplo de Millet, também pintava o trabalhador como um ato de denúncia, Diego Rivera foi além, pintando também o opressor e, finalmente, o trabalhador liberto.
P. 160 – Uma obra reflete o seu tempo e lugar. (Fagner – Mas, se o tempo e lugar mudam, muda também o que a obra de arte reflete?)
P. 161 – Descobrimos o significado de uma obra de arte, mas também lhe damos um significado. A obra de arte sempre requer interação.
P. 162 – O objetivo da arte não pode ser reproduzir a natureza, pois o real sempre será superior em realidade que a mais perfeita cópia.
P. 164 – Novos conteúdos podem usar velhas formas para se expressar.
P. 170 – “O ritmo, o barulho e o tempo das grandes cidades estimula novos modos de ver e ouvir. Um camponês enxerga uma paisagem de maneira diversa que um homem da cidade”.
P. 174 – O conteúdo, ou seja, o elemento social é o fator decisivo na formação do estilo na arte.
P. 189 – As formas artísticas são, em geral, conservadoras.
P. 192 – Em um poema, cada palavra possui um lugar apropriado e é esse lugar que faz a estrutura e a forma do poema.
P. 194 – O campo invade a cidade, com os camponeses expulsos indo morar nas favelas das cidades. Ai misturam-se a cultura erundita e a cultura popular.
P. 195 – Goethe foi a melhor expressão dessa poesia rústica, popular e cheia de misticismo que resultou do encontro da arte erundita autocrática com a arte popular camponesa nas cidades do início da Revolução Industrial.
P. 205 – A música é a mais abstrata e a mais formal das artes.
P. 205 – A linha entre o conteúdo e a forma na música é tão apagada que torna a música arredia a qualquer análise sociológica.
P. 206 – O autor discorda de que a influência do meio não interfira na obra musical e não possa ser objeto de análise sociológica.
P. 208 – Para Schopenhauer, a música expressa o sentimento em si, não vinculado a um construto espaço-temporal unificado. Já para Hegel, esse espaço-tempo interfere no sentimento expresso na música, opinião com a qual o autor concorda.
P. 212 – A função social da música primitiva era mais a de provocar a mudança no estado dos homens do que refletir sobre um estado prévio deles.
P. 213 – A música tem o poder de produzir emoções coletivas, de igualar emocionalmente as pessoas. De todas as artes, a música é a que tem a maior capacidade de nublar a inteligência e criar a obediência cega.
P. 219 – O compositor serve tanto a uma função social quanto a uma necessidade individual do artista.
P. 220 – A forma de uma obra de arte é mais que um mero veículo para o conteúdo. Ela é a solução para o problema do domínio das formas e será tanto melhor quanto mais elegante for essa solução. Assim o elemento estético assume também a condição de um elemento ético (Fagner: A bela forma é a também é melhor escolha.)          

         

terça-feira, 25 de março de 2014

Relato do Evento de Lançamento do Projeto Salvador 500 Anos

Local: Hotel Sheraton da Bahia
Data: 24/03/2014
Horário: 09:00hs às 12:00hs.

O evento foi em um auditório relativamente reduzido (talvez 150 pessoas) e a audiência pode ser dividida entre políticos (afinal, havia a presença do prefeito e se tratava da despedida oficial do secretário José Carlos Aleluia da pasta, saindo em 04/04 para disputar uma vaga de Deputado Federal) e técnicos (de órgãos públicos, como prefeitura, Ministério Público, Tribunal de Justiça, etc; e academia). Não havia presença de movimentos sociais, apesar das entidades da sociedade civil ligadas principalmente ao Fórum “A Cidade Também é Nossa” (como a Sociedade Brasileira de Urbanismo - SBU, representada por Fagner Dantas; o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA, representada por Marco Amigo; o Instituto dos Arquitetos do Brasil, representado por Daniel Colina), entre outras entidades, estarem presentes.
O evento começou com a fala do secretário Aleluia, erroneamente anunciado como “Secretário de Infraestrutura e Transporte” (quando o correto seria “Secretário de Urbanismo e Transporte”). O mesmo falou da importância do evento e de pensar a cidade a longo prazo.

Em seguida, falou o prefeito ACM Neto. Logo de início destaca-se o fato do prefeito ter a noção clara da distinção entre arquitetos e urbanistas. Por duas vezes, ao falar dos profissionais envolvidos na discussão da cidade, enumerou-os da seguinte forma: “arquitetos, engenheiros, urbanistas, economistas...” ou “urbanistas, arquitetos, engenheiros, sociólogos...” Isso, por si só, já é uma nota positiva, pois expressa o seu pensamento. Caso ele mude, ai sim será influência de “ditos cujos” de sempre, que questionam essa distinção.
Porém, além dessa nota que tem importância para os urbanistas, o que de fato importou no discurso do prefeito foram quatro declarações:

1)      O Salvador 500 Anos, ao ser um plano pensado para o longo prazo (traçar as linhas do desenvolvimento da cidade de Salvador até 2049 com vistas a torna-la a melhor cidade do Brasil para se viver), deve condicionar tanto o PDDU quanto a LOUOS que devem ser elaboradas em um período de 12 meses (Essa foi a grande nota negativa da fala do prefeito. Se o secretário Aleluia frisou a importância de se “correr contra o tempo” para ter essas leis, uma vez que a “cidade não pode esperar”, o prefeito falou feliz ao dizer que “nada seria feito de forma açodada”. Porém, como considerar que não serão feitos de forma açodada um PDDU e uma LOUOS que devem ser elaborados em 12 meses, com o detalhe de que já devem ser baseadas no Salvador 500 Anos que, necessariamente, deverá estar pronto antes desse prazo??!! O Salvador 500 Anos, um plano estratégico de longo prazo, com um horizonte de 35 anos, será feito em quanto tempo? Seis meses? Durante o ano de 2014? Com Copa do Mundo e Eleições Estaduais e Presidenciais no meio? Parece pouco provável. O que nos resta são duas opções igualmente desagradáveis: ou o Salvador 500, o PDDU e a LOUOS serão de fato feitos de forma açodada, ficando o produto e o processo prejudicados; ou apesar do verniz discursivo da garantia da participação, o que o prefeito tem na manga é a ideia de fazer esses projetos a portas fechadas e, portanto, de forma industrial e rápida por alguma consultoria milionária, para depois fazer algumas audiências públicas meramente litúrgicas para evitar problemas com o Ministério Público – problemas, aliais, que caso os promotores continuem com o mesmo rigor daquele das Dras. Cristina Seixas ou Hortênsia Gomes Pinho, certamente eclodirão. O meu desejo e esperança é que essas duas alternativas não se comprovem e que, a medida que o prefeito tenha consciência da importância desse planejamento e da igual necessidade da sua excelência técnica e legitimidade popular, o processo de discussão possa se estender pelo ano de 2015 e que, no primeiro semestre de 2016, antes do início do processo eleitoral, o prefeito possa deixar um legado verdadeiramente histórico para a cidade do Salvador).       

2)      O prefeito convocou os vereadores a participarem do processo desde o início, de modo que os produtos finais enviados à Câmara de Vereadores não seja desfigurado lá. Apesar da ideia ser excelente, estando presentes em todos os guias e orientações para elaboração de Planos Diretores, e ser igualmente necessária, uma vez que tornaria o trâmite na câmara muito mais rápido (apesar do prefeito corretamente citar que a participação dos vereadores no processo em nada impede que estes exerçam suas atribuições legislativas), é difícil acreditar que os vereadores não usarão a sua posição privilegiada para reconfigurar, atendendo aos mais diversos interesses, o que chegar às suas mãos, tendo em vista o processo de aprovação do PDDU de 2004 e, principalmente, as diversas emendas aprovadas no PDDU de 2008, alterações, diga-se de passagem, com pouco ou nenhum amparo técnico, a exemplo do que foi feito em Patamares para autorizar a construção de um imenso empreendimento de frente para o mar).

3)      Será construída uma estrutura paralela para levar adiante a execução do Salvador 500 Anos. O prefeito fez questão de frisar que os técnicos que ficarão responsáveis pelo plano (ao que tudo indica, este deve estar na alçada da Fundação Mário Leal Ferreira, o que é mais do que correto, não só pelo que a FMLF é – e, principalmente pelo que pode ser a FMLF, a exemplo do IPUCC, de Curitiba; da Fundação João Pinheiro, em Minas; e da EMPLASA, em São Paulo -, mas também porque o Salvador 500 Anos é uma criação do ex-presidente da FMLF, Luiz Baqueiro) não deverão estar submetidos à rotina de demandas comum aos órgãos públicos, o que lhes consumiria todo o tempo. Assim, esses técnicos estarão totalmente imersos no processo de elaboração do Salvador 500 Anos, contando inclusive com o apoio necessário em termos de consultorias e suporte externo, pois só assim esses técnicos poderão executar a missão que lhes será dada com o máximo de excelência e com o mínimo - razoável – de tempo. Segundo o prefeito, a exemplo do que foi feito na época de Juscelino Kubistchek e do Plano de Metas (e eu acrescentaria também o governo de Mário Kertész, através da figura de Roberto Pinho), a estrutura paralela é uma forma de impedir não só a divisão de esforços dos técnicos com as demandas do dia-a-dia, como também de blindar esses mesmos técnicos da influência política que possa comprometer o produto final.

4)      O prefeito frisou constantemente a necessidade da participação popular na construção tanto do Salvador 500 Anos quanto do PDDU e da LOUOS decorrente dele. Essa participação imprescindível deverá ser constantemente buscada pela própria administração, inclusive lançando mão não só das formas mais conhecidas, como audiências públicas, mas também de estratégias não ortodoxas, como uso da internet para atingir e colher mais contribuições da população. Uma nota destoante também nesse ponto foi o “ensurdecedor” silêncio do prefeito quanto ao Conselho Municipal de Salvador. Diante do seu clamor pela participação popular, do seu reconhecimento da imprescindibilidade dessa participação para atribuir a devida legitimidade política aos produtos oriundos desse que tem tudo para ser um processo riquíssimo, uma vez que parte da premissa de se colocar acima da agenda imediatista dos governos de quatro anos (que acaba virando dois, pois a agenda da capital acaba influenciada pelas eleições estaduais e nacionais e vice-versa), causa espécie o prefeito ignorar a presença, na estrutura criada pelo PDDU 2008, da versão municipal do Conselho Nacional e do Conselho Estadual das Cidades, ou seja, de uma instância exclusivamente vocacionada para a discussão dos desígnios de uma cidade, ainda mais considerando a falha histórica (que seria cômica se não fosse trágica) de já terem sido escolhidas nada menos que três composições (durante as Conferências Municipais de Salvador de 2007, 2009 e 2013), sendo que apenas a composição de 2009 foi empossada no apagar das luzes do segundo governo João Henrique (final de 2012), sem ter tido prosseguimento nos seus trabalhos sob a égide do novo governo. Entre o medo de que essa instância, uma vez em pleno funcionamento, se torne não um impulsionador, mas sim um obstáculo à elaboração dos produtos em questão no ritmo esperado; ou o pensamento prático de que empossar um conselho cuja estrutura é um dos objetos de discussão do novo PDDU não valeria a pena, sendo o “lógico” empossar o novo conselho desenhado pelo novo plano, ficamos com a certeza de que é imprescindível a posse e funcionamento imediato do conselho para que este seja a instância preferencial para a discussão dos produtos em questão, atuando não só como uma instância intermediária entre as audiências públicas e o corpo técnico da prefeitura, como principalmente oxigenando ainda mais o processo participativo, abrindo-se, ele mesmo o conselho, para novas colaborações, a partir dos debates abertos e com convidados que o próprio conselho promoveria. A não implantação do Conselho Municipal de Salvador para discutir e deliberar sobre produtos cruciais para o futuro da cidade como são o Projeto Salvador 500, o PDDU e a LOUOS, é nada menos que um golpe branco promovido pelo poder público municipal contra a democracia urbana de Salvador. Esperamos que essa enorme ausência no discurso do prefeito quando este falou a necessidade de promover a participação popular no processo que se está inaugurando tenha sido mero lapso, em parte corrigido, sob pressão das perguntas feitas ao final do evento por Daniel Colina e a Dra. Hortênsia Gomes Pinho, pelo secretário Aleluia, que afirmou que o conselho deverá ser empossado o quanto antes (uma fala convenientemente genérica para quem, tendo um ano para fazê-lo, não o fez e agora está saindo do governo sem ter sequer deixado algum ato concreto no sentido de deflagrar o processo de posse dos membros do CMS).      

Após a fala do prefeito e a saída deste do auditório, uma parte significativa dos políticos presentes foi aos poucos se evadindo do local, ficando apenas raríssimas exceções até o final da fala do último palestrante (entre essas exceções, destaco o Dr. Luiz Carreira, Secretário da Casa Civil). Segue-se abaixo os pontos de maior destaque das falas dos palestrantes:

Nicolas Roderos – Diretor da Regional Plan Association (Nova Iorque)
Palestra: “Planejamento de Longo Prazo: a perspectiva de Nova Iorque”
 - Complexidade do processo de planejamento metropolitano de Nova Iorque. Essa região possui cerca de 4.000 autoridades autônomas de diversas escalas: três estados, várias municipalidades, distritos escolares, distritos sanitários, etc.

 - Foram feitos até agora três planos regionais em Nova Iorque: 1929 (focado na superação da crise de 1929); 1968 (focado na transição de uma cidade industrial para uma cidade de serviço); 1996 (focado nos efeitos da globalização sobre a dinâmica da cidade) e o atual, em 2014 (focado no impacto das novas tecnologias sobre a cidade).
 - Fundamental para o planejamento regional é o princípio da subsidiariedade, devendo o ente administrativo mais próximo do problema receber os recursos necessários para resolvê-lo, só passando para o ente superior se o problema ou a solução exceder a capacidade do ente inferior.

 - Princípios para um planejamento a longo prazo:
                 - princípio físico – estratégia administrativa e alinhamento da cidade às regras;

                 - princípio da implementação – define as políticas, sistemas e projetos específicos;

 - princípio da participação – fundamental a participação de múltiplos atores no processo de planejamento regional.                  
 - A informação é um elemento fundamental para o planejamento.     

 - É importante a definição de metas claras.
 - Inventariar os recursos que a cidade dispõe.

 - Importância do transporte público não só para a população, mas inclusive para potencializar a economia.

 - Importância das áreas arborizadas urbanas (quantidade de árvores por habitantes).
 - Desafios Estratégicos:

                 - definir claramente o escopo funcional do plano;

                 - passar de governo a governança;

Pedro Tadei – Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP
Palestra: “Planejamento Urbano de Longo Prazo no Brasil”
 - Plano Estratégico é um plano orientado para objetivos de longo prazo.

 - O Estatuto da Cidade omitiu a necessidade de um plano estratégico para orientar o plano diretor urbano, o que é um grande erro.
 - Sem um pacto entre a sociedade civil, empresarial e o governo, não há como levar o plano adiante.

 - Destaque para o Plano Estratégico de Londres como um dos melhores do mundo na atualidade.
 - O Plano Estratégico de longo prazo deve incluir alguns projetos catalizadores intersetoriais, com forte peso simbólico no imaginário da sociedade local e que sirva também para integrar os diversos setores do poder público em torno de uma ação com forte poder demonstrativo.

 - Importância do monitoramento e, para isso, de indicadores de sucesso mensuráveis, bem como de prazos bem definidos e exequíveis.
 - Alguns conceitos básicos do urbanismo contemporâneo:

 - Compacidade – busca da cidade compacta, que reúne em um mesmo território vários tipos de uso.

 - Policentralidade – Multiplicação das centralidades ao longo do território urbano, seja de usos múltiplos de alcance menor ou uso único de alcance maior.

 - Equivalência – distribuição equitativa das oportunidades ao longo do território urbano.

 - Importância de impregnar o plano com o imaginário da população local.
 - A sociedade civil é imprescindível nesse processo. Se ela não estiver organizada o suficiente para participar, a primeira tarefa da administração pública é promover essa organização.

 
Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva – Coordenador do Doutorado em Planejamento Territorial da UCSal.
Palestra: “Planejamento Urbano de Salvador: desafios e perspectivas.”     

 - Trilogia dos problemas urbanos:
                 - Socioeconômicos

                 - infraestruturais
                 - territoriais.

 - Milton Santos, em estudo realizado na década de 1960, estabeleceu como obstáculos ao desenvolvimento de Salvador:
                 - Sítio de Salvador

                 - Fragilidade Econômica

                 - Fragilidade Administrativa.

 - Lei de Reforma Urbana de 1968 – Permitiu a compra e, consequente, privatização de grande parte das áreas públicas de Salvador.
 - A PDG tem um estoque de terras de 1 milhão de metros quadrados em Salvador. Existiriam hoje mais de 10 milhões de metros quadrados em estoque de terras nas mãos do mercado imobiliário em Salvador. Isso mostra a força do mercado imobiliário e, por contraste, a fraqueza do Poder Público. Fraqueza esta construída tanto pela ação do mercado quanto pela omissão (proposital) do Estado.

 - Além disso, há outras forças importantes que comprometem o poder de regulação do Poder Público municipal: governo federal, governo estadual. Exemplo: a CONDER tem um Escritório dedicado ao Centro Histórico de Salvador, mas não tem um departamento de planejamento da região metropolitana.
 - Alguns dados preocupantes:

- Crescimento de 123% do índice de automobilização da população de Salvador entre 1999 e 2011.
                -Salvador está entre as 150 cidades mais violentas do mundo.  

 - É preciso ter uma concepção tríplice da cidade:
                 - Cidade como Polís (aspecto político)
                 - Cidade como Urbe (aspecto físico)
                 - Cidade como Civitas (aspecto cidadão).

 - Importância da contribuição das universidades para o debate do Salvador 500 Anos, do PDDU e da LOUOS.
 - Entre as ações de planejamento de longo prazo para Salvador deve estar a liderança da capital baiana para criação de um Consórcio Metropolitano de Municípios para o Desenvolvimento.